segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Metendo a mão na massa.

Eu confesso: a idéia não foi minha.

Foi no final de 2007 que, durante um conversa através do Skype (bendito seja o seu inventor!) com um grande amigo que mora em São Paulo, a sua esposa - e minha cumadre - pediu a palavra. Ela estava super preocupada pois as festas de fim de ano estavam chegando e ela não tinha ainda a mínima idéia do que cozinhar para a ceia de Natal da família. Em suas palavras, ela queria alguma receita que "levasse peru, mas que fosse diferente!".

Depois de alguns minutos buscando na minha memória a lembrança de algum prato que tenha peru como ingrediente, mas "que seja diferente", resolvi desistir. Prometi que iria pesquisar e que mandaria por email a resposta. Ela aproveitou e me pediu que eu enviasse também mais algumas outras receitas das quais eu tinha comentado que estava testando em casa...
"Pensando bem", disse ela rindo, "por que você não faz um blog, hein?! Poderia ser bacana, né?!"
Um blog??? Na hora pensei a todo trabalho que daria para formatar, pesquisar e atualizar um projeto desses... Eu que não teria paciência nem para ter um tamagotchi!
E mais, a quem iria interessar mais uma página web de receitas como existem aos montes online hoje?
Na hora não fiquei muito entusiasmado.

Nos dias que se seguiram comecei a pensar mais e mais sobre o assunto.
Mas por que NÃO fazer um blog? Eu poderia fazer algo diferente dos milhares de sites de cozinha que simplesmente enumeram os ingredientes e os passos de execução como um processo mecânico... Eu poderia escrever um pouco sobre os pratos! Contando uma curiosidade, sua origem provável, uma história...

E mais, aproveitando a grande chance de morar em Bordeaux, na França, e a chance ainda maior de fazer o que eu gosto e de ser cozinheiro, por que não fazer algo específico sobre a culinária francêsa?
Eu poderia assim compartilhar a minha paixão pela gastronomia rendendo ainda um serviço aos amantes da boa mesa no Brasil, traduzindo receitas e adaptando-as aos ingredientes que possam ser encontrados mais facilmente na terrinha. Afinal não se encontra, por exemplo, gras de canard (gordura de pato em lata) ou feuilles de brick (folhas finíssimas de massa de trigo, que ficam crocantes ao passarem pelo forno) nas prateleiras de qualquer supermercado de São Paulo, Rio de Janeiro ou Porto Alegre. Ou pelo menos pelo instante! Quem sabe um dia...

Ainda teria a chance de criar mais um vínculo com a minha Pátria Amada, de escrever e praticar o meu português (parece brincadeira, mas se a gente não usa, a língua enferruja também!) e de mostrar um pouquinho da cultura da minha terra de adoção, a França, este país tão menor que o Brasil em área, mas não menos belo e complexo.

Finalmente, enviando algumas pérolas de receitas da cozinha francêsa para o Brasil, vou poder me sentir um pouco vingando os "olheiros" de clubes de futebol europeu que vêm todos os anos levar embora os nosso talentos pra fora. Hehehe...

Então ficou decidido: vou abraçar esta idéia.
Vou traficar receitas.

Vamos ver no que vai dar!

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