terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Entre o campo e o mar: os ares de Provence.

A França é como um continente.

Não, não me refiro ao seu tamanho (quase 15 vezes menor que o Brasil!), mas em diversidade. Com apenas algumas centenas de milhares de quilômetros quadrados (543.965m², para ser exato) são impressionante as diferenças que sentimos olhando pela janela do carro no trajeto de algumas horas apenas. Dos picos nevados das montanhas até a praia. Das densa florestas de pinheiros à maior duna de areia da Europa...

Acho que esta é uma das características deste país que mais me atraem. Me faz pensar no meu Brasil, aquele vasto universo contido no chão entre o Iapoque e o Chuí.

Se atravessarmos a França de norte à sul - da fronteira com a Bélgica , por exemplo, até a fronteira com a Espanha - notaremos uma gigantesca mutação. Não só na temperarura, mas também de vegetação, no sotaque, na cultura, nos costumes e, très important, na GASTRONOMIA!!!

Assim como o frio montanha pede uma refeição que nos reponha energias como um fondue ou uma tartiflette (preparação à base de queijo, batatas, cebolas, bacon e vinho branco), a proximidade com o mar nos convida aos sabores mais leves, aos frutos do mar, ao vinho rosé.

A região sudeste do país, mais especificamente aquela banhada em seu limite sul pelo Mar Mediterrâneo e situada entre os estuários dos rios Rhône e Var, é conhecida como Provence. Mais ou menos como a Flórida figura sendo "o" sonho de verão sem fim para os americanos, Provence se apresenta como o eldorado de dias idílicos de descanso tranqüilo para os francêses. Lá a vida corre diferente, os dias passam mais docemente. Esta é uma região particularmente rica no que diz respeito ao prazeres da boa mesa. Os ares do campo se misturam à brisa vinda do mar numa atmosfera quente e delicada. Esta é a terra dos imensos campos de lavanda, das oliveiras, dos milenares moinhos de vento, das praias de água azul turquesa e rochedo branco, do sol à pino o ano todo...

Dizem que os dias por lá são ensolarados 360 dias por ano (claro, os outros 5 coincidiram exatamente com aqueles em que eu estive em Marseille pela última vez!).

Todo este ambiente de descontração e proximidade com o mar resultam obviamente em um ritmo de vida diferente daquele levado pela população das grandes cidades. Por lá o momento do apéro (aperitivo), por exemplo, é s-a-g-r-a-d-o. Ele se passa normalmente ao final de tarde e compreende invariavelmente uma bebida alcoólica e um tira-gosto.

A bebida emblemática da região é o Pastis, de gosto forte particular, feito à base de álcool de cana-de-açúcar onde se fazem macerar sementes de anís-estrela.

Quanto ao tira-gosto, ele pode vir na forma de uma simples porção de amendoins e azeitonas ou até em preparações mais elaboradas. Entre elas a Tapenade, o Aïoli e a Anchoïade são especialidades provençais muito apreciadas e conhecidas por toda a França. De relativamente simples execução, estas receitas representam bem a importância do azeite, do alho, da anchova e das azeitonas na culinária local.

Nos próximos dias estarei publicando aqui este que eu vou chamar o "Trio do Aperitivo Mediterrâneo". São as receitas destas três iguarias, acompanhamentos perfeitos para o apéro, regado ao Pastis, um bom rosé ou uma cerveja bem gelada.

Então comece descontrair, a preparar as cadeiras em torno da mesa, os cubos de gelo e o guarda-sol por que o aperitivo já vai começar!
;)

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